ESG em tecnologia
Hoje vamos falar de ESG. Para começar com o pé direito, ano passado a Sony anunciou um fundo para aportar US$ 100 milhões em startups desenvolvedoras de tecnologias ambientais. A empresa Uber impôs meta de eletrificar 100% da sua frota nos EUA e Europa até 2030, e torná-la zero-emissão em 2040. Motoristas que dirigirem carro elétrico ganharão US$ 1,5 de bônus por viagem. E isso tem tudo a ver com ESG?
Mas de onde veio esse tal de ESG? O que é isso?
A Organização das Nações Unidas possui diversos programas ambientais e iniciativas financeiras, e um dos seus lemas é: “Working with Banks, Insurers, and Investors to create a Sustainable Finance Sector”. A tradução seria algo do tipo: “Trabalhando com bancos, seguradoras, e investidores para criar um setor financeiro sustentável”. Em 2004 eles publicaram um trabalho muito interessante, intitulado “Who Cares Wins – Connecting Financial Markets to a Changing World”, que pode ser entendido como “Quem se importa vence – Conectando mercados financeiros com um mundo em transformação”. Acredita-se que foi nesse trabalho que, pela primeira vez, surgiu o termo ESG, pois, entre outras coisas, o material focava em registrar recomendações que a indústria financeira fornecia para melhor integrar questões ambientais (Environment), sociais (Social) e de governança corporativa (Governance) às análises, gerenciamento de ativos e negociação de títulos em geral.
Agora que sabemos a origem e o significado da sigla ESG (Environmental, Social and Governance), podemos dizer que ESG refere-se a 3 pontos essenciais para avaliar a sustentabilidade de uma empresa, que são os seus impactos ambientais, sociais e os de sua governança corporativa. Ou seja, ao falar de ESG, estamos falando de critérios que, ao serem seguidos, além de ajudar a sociedade como um todo, também podem abrir excelentes possibilidades de novos investimentos ao seu negócio.
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Saiba como organizar seu produto antes de falar com um desenvolvedor Baixe AgoraGeralmente, a sigla ESG está associada à forma como são mensuradas as práticas ambientais, sociais e de governança corporativa das empresas. Do ponto de vista ambiental, são estabelecidas métricas para ajudar a entender como as atividades de uma determinada corporação afetam o meio ambiente, como sua gestão impacta os recursos naturais, entre outros fatores. Do ponto de vista social, como os direitos humanos são tratados em relação aos trabalhadores, consumidores e públicos em geral. E, em relação à governança corporativa, se é uma boa gestão, com transparência, credibilidade, se é suscetível a coerção, corrupção, etc…
O interesse pelo tema vem crescendo, assim como os recursos financeiros envolvidos. Note o aumento nos últimos 5 anos, de acordo com o Google Trends
Para contextualizar a questão dos investimentos, vamos mencionar um dos gigantes no setor. Em 2020, a maior empresa de gestão de ativos do mundo (BlackRock) colocou a mudança climática na sua pauta principal, e o ESG entrou definitivamente na agenda de Wall Street. Só para constar, essa empresa possui mais de 7 trilhões de dólares americanos sob sua gestão. Você gostaria que 1% desse valor fosse colocado em sua empresa? Então leve a sério o ESG. Vou colocar outros exemplos mais próximos, de instituições financeiras em nosso país.Um investimento sempre é muito bem-vindo no seu negócio, não é? Independente do setor, o levantamento de recursos permite alavancar diversas áreas e, com as empresas de tecnologia isso não é diferente. Vamos tomar como exemplo uma startup, que muitas vezes busca apoio de investidores anjo, ou de outras fontes para impulsionar o seu crescimento. O apetite do investidor em apostar na sua companhia pode estar diretamente relacionado ao ESG.
De acordo com Maria Eugênia Buosi, presidente da consultoria de sustentabilidade Resultante, “Em 2020, 95% dos índices de sustentabilidade performaram melhor que os índices de bolsas que não adotam esses critérios.” A XP, além de fundos, anunciou em junho de 2020 que vai destinar R$ 100 milhões para fomentar a indústria de produtos ESG, incentivando as assets. Outras empresas, como a Warren, também estão em processo para incluir fundos temáticos como ESG. Entre outros, ela já tem um com foco em empresas com boas políticas de equidade de gênero. O banco BTG também se interessa por produtos ESG, poderíamos citar outros exemplos, mas acho que já ficou claro que existem muitos investidores por aí interessados em empresas que levam a sério esses assuntos.
Quantificação das variáveis associadas ao ESG é essencial
Podemos elencar algumas potenciais questões que sua empresa deve se preocupar dentro desse contexto: Como é a sua governança? Os seus funcionários são tratados de forma adequada? Além de respeitar as leis trabalhistas, a diversidade entre os colaboradores é considerada? E os clientes, existe uma comunicação efetiva e adequada? Na cidade que vocês estão instalados, existe alguma iniciativa com a comunidade local? Sua empresa polui o meio ambiente? Tudo bem, sua empresa não polui em nada o meio ambiente, mas o que ela faz para ajudar a diminuir a poluição?
Para responder a essas perguntas, precisamos estabelecer critérios para medir os impactos desses setores. É essencial quantificar essas variáveis através de métricas adequadas, no intuito de poder comparar as atuações de diferentes empresas, para, posteriormente, incentivar os players que atuam de forma mais assertiva.
A preocupação com a quantificação é tamanha, que a Bloomberg disponibiliza mais de 10 anos de dados históricos de ESG, de mais de 11800 empresas, em mais de 100 países, organizados em 2000 campos. A empresa Refinity também disponibiliza diversas análises relacionadas ao tema. Atualmente a universidade de Nova York possui programas nesse sentido, para qualificar executivos em sustentabilidade financeira e investimentos em ESG.
No setor de tecnologia especificamente, diversos textos discutem como mensurar os impactos ambientais, sociais e de governança, de forma viável. Entre outras coisas, existem algumas considerações de executivos da SAP sobre o tema. Em um mundo pós-covid, o tema ESG não pode ser ignorado na agenda das empresas.
Antigamente, muitos consideravam, erroneamente, que era um custo os recursos direcionados para as questões ambientais, sociais e de governança, e não um investimento. Ele não apenas se paga, como também gera frutos não só para a empresa, mas para todo o contexto socioeconômico-ambiental envolvido.
Vários estudos vêm sendo realizados nesse sentido, por isso podemos citar um relatório publicado pelo Responsible and Sustainable Investment, que apontou que os ativos apoiados em estratégias sustentáveis nos Estados Unidos já somam mais de US$ 17 trilhões. Em termos de comparação, o maior PIB brasileiro da história não chegou a US$ 3 trilhões. Assustadora essa comparação, não é?
Até o Homem de Ferro está de olho no ESG
Para finalizar de forma descontraída, até o “Homem de ferro” está levando a sério o ESG. O ator Robert Downey Jr., que interpreta o super-herói no cinema, no início do ano de 2021, lançou em Davos um fundo e de acordo com uma publicação da Forbes, tem a intenção de “ser o novo tubarão ESG”.[16] Se até o Iron Man está nessa, é melhor ficar de olho. Bons negócios!
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